A saúde do coração é uma preocupação constante para muitas pessoas, especialmente quando se trata da prevenção das doenças cardiovasculares. Nesse contexto, o escore de cálcio tem se destacado como uma ferramenta valiosa na avaliação do risco cardiovascular e na detecção precoce de problemas cardíacos.

O escore de cálcio é um indicador que fornece informações sobre o acúmulo de cálcio nas artérias coronárias, ajudando os profissionais de saúde a avaliar o risco de doenças cardíacas em um indivíduo. Por meio de técnicas de imagem cardíaca é possível calcular essa pontuação e identificar a presença e a quantidade de calcificação arterial.

No decorrer deste artigo, exploraremos os aspectos fundamentais do escore de cálcio, desde a sua definição e método de cálculo até sua importância na avaliação do risco cardiovascular. 

 

O que é o escore de cálcio?

O escore de cálcio é uma ferramenta na avaliação da saúde cardíaca, que fornece informações sobre o acúmulo de cálcio nas artérias coronárias. Ele é geralmente determinado por meio de um exame chamado tomografia computadorizada cardíaca. Durante o exame, são capturadas imagens das artérias coronárias, e o grau de calcificação presente nessas estruturas é medido e quantificado por um escore.

A pontuação do escore de cálcio é calculada com base na quantidade, densidade e localização do cálcio encontrado nas artérias coronárias. Quanto maior o escore, maior é a quantidade de cálcio presente maior é o risco de cardiovascular. Geralmente, utiliza-se a escala de Agatston, que atribui valores específicos para diferentes níveis de calcificação, permitindo uma pontuação numérica para cada paciente.

 

médica avaliando escore de cálcio

 

Escore de cálcio e a avaliação do risco cardiovascular

O escore de cálcio desempenha um importante papel avaliação do risco cardiovascular, oferecendo informações adicionais sobre a presença de aterosclerose nas artérias coronárias. A aterosclerose é caracterizada pelo acúmulo de placas de gordura, cálcio e outras substâncias nas paredes das artérias, estreitando o fluxo sanguíneo e aumentando o risco de eventos cardíacos graves, como infartos.

Ao identificar a calcificação nas artérias coronárias, o escore de cálcio pode ajudar a estratificar o risco de um indivíduo para doenças cardíacas, fornecendo informações adicionais além dos demais fatores de risco, como pressão arterial elevada, colesterol alto e histórico familiar de doenças cardíacas. Essa pontuação auxilia os médicos na tomada de decisões clínicas, permitindo a implementação de intervenções preventivas e terapêuticas adequadas com base no risco individual do paciente.

Além disso, o escore de cálcio também pode ser utilizado para monitorar a progressão da aterosclerose ao longo do tempo, fornecendo informações valiosas sobre a eficácia das intervenções e mudanças no estilo de vida do paciente. Dessa forma, ele desempenha um papel essencial na abordagem personalizada da saúde cardiovascular e no desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes.

 

Fatores de risco associados ao acúmulo de cálcio nas artérias coronárias

Entre esses fatores, destacam-se a hipertensão arterial, o tabagismo, a dislipidemia, a diabetes mellitus e a obesidade. A presença desses fatores pode levar à inflamação crônica nas paredes arteriais, estimulando a deposição de cálcio e promovendo a formação de placas ateroscleróticas.

Além dos fatores tradicionais de risco, estudos científicos têm revelado associações entre a calcificação arterial coronariana e outros fatores, como o histórico familiar de doenças cardiovasculares, a síndrome metabólica e a presença de doenças inflamatórias crônicas. Compreender esses fatores de risco e sua relação com o acúmulo de cálcio nas artérias coronárias é fundamental para uma avaliação completa e precisa do risco cardiovascular de um indivíduo.

 

Benefícios e limitações do escore de cálcio como ferramenta de triagem

O escore de cálcio fornece informações objetivas e não invasivas sobre o risco cardiovascular, permitindo uma estratificação eficaz dos pacientes e uma abordagem mais personalizada para a prevenção e o tratamento. Além disso, a pontuação do escore de cálcio tem se mostrado um preditor independente de eventos cardiovasculares, auxiliando na identificação de indivíduos com maior probabilidade de desenvolver doenças cardíacas graves.

No entanto, o escore de cálcio também apresenta algumas limitações que devem ser consideradas. Por exemplo, a exposição à radiação durante o exame de tomografia computadorizada pode ser uma preocupação, especialmente em pacientes jovens ou com baixo risco cardiovascular. E, também, nem todos os centros médicos possuem acesso fácil à tomografia computadorizada com aquisição de imagem cardíaca, o que pode limitar a disponibilidade dessa ferramenta em algumas regiões.

Outra limitação é que o escore de cálcio não fornece informações detalhadas sobre o grau de estenose (estreitamento) das artérias coronárias. Embora a calcificação seja um marcador de aterosclerose, ela não reflete necessariamente a gravidade da obstrução arterial. Portanto, em certos casos, pode ser necessário realizar exames adicionais, como angiotomografia computadorizada, para avaliar a gravidade das estenoses arteriais.

 

paciente tomando remédio

 

Prevenção e detecção precoce de doenças cardíacas

Ao identificar a presença e a quantidade de cálcio nas artérias coronárias, ele permite uma avaliação do risco cardiovascular de um indivíduo. Isso possibilita intervenções preventivas mais assertivas, como a implementação de mudanças no estilo de vida, controle da pressão arterial e tratamento adequado de dislipidemias e outras condições médicas.

Isso é particularmente relevante, uma vez que doenças cardiovasculares, como a aterosclerose, podem progredir silenciosamente por muitos anos. O escore de cálcio permite identificar indivíduos com alto risco de eventos cardíacos futuros, permitindo intervenções preventivas precoces e reduzindo o impacto dessas doenças na saúde dos pacientes.

 

Abordagens terapêuticas com base no escore de cálcio

Com base na pontuação obtida, os médicos podem determinar se uma intervenção médica ou um tratamento mais agressivo é necessário. Por exemplo, indivíduos com um alto risco pelo escore de cálcio podem ser encaminhados para terapias mais intensivas, como o uso de medicamentos antiagregante plaquetários ou estatinas, além de mudanças no estilo de vida, como dieta e atividade física regular.

Por outro lado, para indivíduos com pontuação baixa ou ausência de calcificação arterial, as estratégias de tratamento podem ser mais focadas em medidas preventivas e modificações do estilo de vida. Em todos os casos é fundamental adotar medidas para controlar fatores de risco cardiovascular, como pressão arterial elevada, colesterol alto e diabetes, a fim de prevenir a progressão da doença.

 

Escore de cálcio em diferentes faixas etárias

Em pacientes mais jovens, por exemplo, um escore baixo ou ausência de calcificação geralmente é um bom indicativo de baixo risco cardiovascular. No entanto, é fundamental considerar outros fatores de risco e acompanhar de perto esses indivíduos ao longo do tempo, uma vez que a calcificação arterial pode se desenvolver mais tardiamente.

Por outro lado, em pacientes mais idosos, é comum encontrar um aumento da calcificação arterial devido ao processo natural de envelhecimento. Nesses casos, o escore de cálcio pode fornecer informações adicionais para auxiliar na tomada de decisões clínicas. Além disso, para indivíduos de idade avançada com escores elevados, pode ser necessário considerar intervenções mais agressivas e estratégias de tratamento individualizadas.

Portanto, ao interpretar o escore de cálcio em diferentes faixas etárias, é fundamental levar em conta não apenas a presença ou ausência de calcificação, mas também a combinação de outros fatores de risco cardiovascular e a avaliação clínica completa do paciente. Isso permitirá uma abordagem mais precisa e personalizada para a prevenção e o tratamento das doenças cardíacas. Tal avaliação é realizada pelo cardiologista que acompanha o paciente.

 

imagem conceito de doença cardiovascular

 

Outras técnicas de imagem cardíaca

O escore de cálcio faz parte de uma técnica de imagem cardíaca amplamente utilizada, mas é importante destacar sua relação com outras modalidades de imagem cardiovascular. A tomografia computadorizada cardíaca, que é usada para calcular o escore de cálcio, oferece informações valiosas sobre a presença e a extensão da calcificação arterial. No entanto, existem outras técnicas de imagem, como a ressonância magnética cardíaca e a angiotomografia computadorizada, que podem fornecer informações complementares sobre a anatomia e a função cardíaca.

A ressonância magnética cardíaca, por exemplo, permite uma avaliação mais detalhada da função cardíaca, do fluxo sanguíneo e da viabilidade do tecido cardíaco. Já a angiotomografia computadorizada é utilizada para avaliar a presença e a gravidade de estenoses (estreitamentos) nas artérias coronárias, fornecendo informações mais precisas sobre o fluxo sanguíneo e a obstrução arterial.